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Finalmente chguei ao último capítulo de amostra de meu primeiro livro. Não está lá um cliffhanger dos melhores. O ideal seria terminá-la entre o capítulo 20 e 25, mas aí seria o mesmo que mostrar quase 1/4 do livro, sendo que nem versão final é. Então deixo aqui no blog os sete capítulos de iniciação do Mundo Sombrio. Agradeço a todos os leitores que me ajudaram nos comentários, seja postando sugestões ou incentivando minha história. Realmente muito obrigado!

E em Abril, não percam os "Contos da Guerra das Energias". Em breve darei mais informações sobre eles.




  Pela curta luta executada desde o momento em que Raizen jogara um novo atributo nas Espadas de Orion, Zailon percebeu que todas as suas investidas foram frustradas pelo inimigo. A maior cautela era não deixar que aquele par de armas fizesse um único arranhão nele, ou um efeito muito catastrófico cairia sobre ele. Por isso tentara uma luta de média distância para dificultar a aproximação do oponente, porém, até mesmo essa ação evasiva apresentara falhas.
   O Mago Supremo refletiu por alguns instantes, aproveitando que a luta se mantinha inerte. Raizen apenas lhe afrontava com os olhos, provavelmente esperando que Zailon se movesse, o que o Mago agradecia bastante, já que assim ele tinha tempo para arquitetar uma nova forma de lutar.
   Finalmente a mente de Zailon imprimiu uma resolução. Ele retirou sua posição de guarda e sua feição atenta, o que o inimigo logo estranhou. O Mago o fitou com um suspiro.
- Se o que você quer é uma luta de frente, então é isso o que você terá.
   Após as palavras do Mago que logo foram estranhadas pelo Lorde Maligno, Zailon colocou seu cajado à frente e aprumado; segurando-o firmemente na ponta de baixo.
- Mude o seu formato! Espada-pinheiro! – bradou o Mago Supremo.
   Uma luz dourada reluziu na ponta do cajado e foi tomando todo o comprimento do mesmo, cobrindo-o com um véu de luz cegante. Zailon parecia segurar um bastão luzente aclarando com um brilho dourado a região em volta. Raizen pôs até mesmo sua mão sobre o cenho, incomodado por aquela luz. O bastão fulgente começou a ser torneado por faíscas da mesma tonalidade. Linhas grossas e rijas pareciam brotar ao longo de todo o cajado, de forma que olhando, aquilo já não se parecia mais com um cajado, tão pouco com nenhuma arma conhecida. Parecia um pinheiro dourado luzindo sobre a cabeça de ambos naquele lugar.
   A luz começou a se esvair pouco a pouco, descortinando o que o fulgor escondia. Zailon segurava uma espécie de arma totalmente dourada, mas que lembrava em parte uma espada, e também um pinheiro. Ela tinha o mesmo tamanho de seu cajado, um metro e vinte aproximadamente. Ao longo da grossa lâmina, estavam fincadas pequenas lâminas nos flancos da espada que iam retas horizontalmente e depois se inclinavam um pouco em direção a ponta da arma; mas de forma que conforme tais lâminas se aproximavam da extremidade pontuda da espada, estas diminuíam; assim como a proporção do tamanho dos ramos em um pinheiro.
   Após alguns segundos deixando sua arma suspensa enquanto os olhos de Raizen a contemplavam, Zailon vacilou a mão propositalmente deixando a espada declinar para frente. A ponta da arma fez um baque pesado no chão, abrindo um pequeno buraco com algumas rachaduras como se a espada pesasse uns 200 Kg.
- O que é essa espada? – indagou Raizen com o rosto desconfiado. – Eu nunca ouvi falar de um Mago que pudesse transformar seu cajado em outra arma. Menos ainda numa espada tão estranha.
- Você tem razão – disse o Mago Supremo com um leve ar de triunfo. – Não é qualquer Mago que possui o talento para fabricar novos objetos mágicos. Eu sou o que chamam de “Mago alquimista”: pessoas com a capacidade de criar novos itens, sendo estes mágicos ou não.
   Zailon fitou sua arma ainda inclinada no chão e continuou.
- A Espada-pinheiro é uma criação minha. No lugar onde eu moro há muitos pinheiros... – O Mago de repente demonstrou uma expressão saudosista. Sua mente mergulhou por alguns segundos numa paisagem natural abarrotada de pinheiros, ora emanando o verde puro da floresta ora coberto pela camada reluzente da neve. Pinheiros... Zailon realmente adorava estas árvores.
- Que ridículo! – a voz áspera de Raizen cortou o momento prazeroso que Zailon buscara em sua memória. – Não conseguirá lutar com uma espada tão pesada.
- Ah, sim. Esqueci de contar – falou o Mago calmamente – Embora ela tenha o peso aproximado de um pinheiro de verdade, para mim... – E ele empunhou a arma facilmente. - ... ela é tão leve como um de seus ramos. Mas para meus inimigos... – E ele cravou novamente a ponta da espada no chão. - ... ela será tão pesada quanto um pinheiro.
- Huh, interessante – disse Raizen, pouco temendo o que Zailon dissera. Ele parecia até mais estimulado com aquilo. – Era de se esperar coisas assim de um Mago Supremo. Mas ainda não será o bastante para me derrotar. Já avisei que nada o que você faça irá me matar.
- Veremos... – desafiou Zailon, não por desdenho, e sim porque acreditava que dentro de algum tempo o pesadelo de Raizen estaria acabado. O mundo estaria a salvo dos guinchos cruéis que a Energia Maligna executava de forma implacável.
   Ambos avançaram. Instantes depois, eles já faziam suas armas se chocarem. Devido ao tamanho da Espada-pinheiro, esta se mostrou muito eficaz no primeiro assalto, anulando a investida das espadas negras. Além do mais, o Lorde da Destruição era obrigado a empregar grande força nos músculos para rebater o choque da arma inimiga, já que assim como o dono avisara, ela possuía o peso de um pinheiro. Raizen tentou novamente uma, duas e mais vezes, mas sem sucesso. Zailon parecia estar aventando uma folha de papel. Seu manuseio era ágil e preciso não dando brecha para uma desferida do inimigo.
   Não demorou muito tempo, ao ver que o andar daquela luta de espadas estava lhe sendo favorável, Zailon percebeu que era a chance de finalmente partir para a ofensiva. Movimentou sua arma com mais veemência e rapidez, obrigando Raizen a se defender como podia. Já não tinha como executar seus ataques, sendo totalmente pressionado pela nova postura do Mago.
   Zailon urrava regularmente. Em seu rosto podia-se notar uma expressão de esforço, mas não era exatamente isso. Ele apenas estava concentrado: dividindo sua atenção para controlar sua Aura no manejo da espada para assim imprimir mais velocidade; examinando numa fração de segundos cada movimento de seu inimigo para atacá-lo da maneira mais apropriada.
   O tilintar das lâminas se intensificou. Raizen não mais atacava, deixando essa função para o Mago. Zailon brandia fervorosamente sua arma. O movimento dos lutadores alcançou um certo limite, quase dobrando a velocidade de seus movimentos se comparado ao início daquele duelo. Eles detinham atenção unicamente nos minuciosos movimentos de ataque e defesa.
   Foi quando Raizen sentiu a espada de sua mão esquerda ser arrancada abruptamente. Zailon a tirara enroscando-a no meio de suas lâminas laterais da Espada-pinheiro, e com isso a puxando num movimento brusco. O Lorde Maligno teve um sobressalto ao ver que perdera sua espada no decorrer da luta, mas logo tratou de se recompor ao ver que o Mago não desistira de atacá-lo.
   Raizen foi obrigado a se defender com apenas uma única espada. Mas se com duas já encontrava dificuldade, com apenas uma não demoraria até ser rendido. E foi o que aconteceu. Em mais um manuseio estratégico com a Espada-pinheiro, Zailon prendeu a última Espada de Orion e a arrancou das mãos do Lorde que não teve força suficiente para segurá-la.
   Raizen viu sua arma voar para o lado, caindo até bem próximo dele. Quando se virou para divisar o oponente, viu-o continuar brandindo sua arma contra ele. Foi questão de poucos milésimos. O Lorde Maligno estava desprovido de suas duas espadas que lhe impediam de ser acometido. Porém, naquele instante, não havia nada a ser feito a não ser esperar pelo pior.
   O Mago não deixou aquela oportunidade escapar. Estava com Raizen desamparado a poucos centímetros. Era agora ou nunca.
   A Espada-pinheiro agitou-se horizontalmente e executou um corte perfeito abaixo da cabeça do Lorde. Um sangue negro espirrou densamente seu conteúdo assim que a espada atravessou a garganta.. Enquanto o pescoço pendia para o lado, o líquido viscoso começou a escorrer ininterruptamente pela sua pele macilenta.
   A cabeça de Raizen caiu logo ao lado com um baque seco. No lugar da garganta, tanto na cabeça decepada quanto no pescoço do corpo, apenas via-se uma massa escura por onde um líquido da mesma cor brotava incontidamente.
   Sem ter nenhuma mente para comandá-la, a carcaça do Lorde Maligno desabou de maneira desengonçada no chão.
   Zailon resfolegava por usar tanta energia naquele curto e vitorioso embate de espadas. Ele fitou o corpo decapitado do inimigo, e custou alguns segundos para acreditar enquanto olhava o sangue anegrejado diminuindo seu escorrimento.
- Eu... consegui? – indagou o Mago Supremo.
   Era realmente difícil crer em suas próprias palavras, visto o quão difícil era aquela batalha. Na verdade, ele pensava que o fato de derrotar Raizen com suas próprias forças era um absurdo. Ainda mais dentro do Território Negro. O Lorde da Destruição era praticamente invencível.
- Eu realmente consegui?.... Raizen está morto? – perguntou-se novamente olhando incrédulo para a imagem decapitada. Seus lábios tremularam. Estava na ânsia de dar um sorriso, e a única coisa que o inibia de tal ação era o fato de que sua mente ainda não acreditava que aquilo fosse verdade. Então, uma pequena risada de orgulho e felicidade foi solta quase num murmúrio. – Eu venci. Raizen está...
   Suas palavras foram cessadas por uma imagem chocante. Os olhos de Zailon se arregalaram com um célere movimento dos dedos de Raizen. O Mago continuou com os olhos fixos naquela mão lívida, torcendo para que fosse apenas sua imaginação. Mas para o seu temor, os dedos se agitaram novamente. E em seguida, o braço inteiro estava agindo.
   A carcaça sem cabeça de Raizen estava se empertigando. O Mago fincou os olhos incrédulos naquela cena fantasmagórica. Um ser aparentemente morto estava praticamente ressuscitando. O cadáver do Lorde pôs-se de pé, de frente para o Mago, afastado a menos de dois metros.
   Zailon notou uma anomalia no pescoço cortado. Parecia que alguma coisa estava querendo emergir de dentro dele. O sangue agora parecia uma massa pastosa ainda dotada com o líquido viscoso que vertia em pouca quantidade pelo peitoral já sujo do fluido que pareceu ter colado na pele.
   Uma forma que lembrava vagamente um rosto começou a emergir de dentro da garganta, com a face virada para o alto. Um berro de dor e agonia vindo do próprio rosto submerso no corpo acompanhava aquele processo bizarro. A face negra envolta por uma camada gosmenta de sangue grudento assomou-se ficando quase do mesmo tamanho que o rosto normal de Raizen.
   A aparência ainda era muito vaga, e a face ainda lançava um grito gutural para o céu. Foi então que o rosto adotou uma postura ereta. Zailon pôde se abismar ainda mais com aquela figura. Em sua boca aberta, mais sangue negro era vertido. Os olhos pouco a pouco iam se formando como se estivessem sendo empurrados de dentro da cabeça para fora. Os cabelos cresciam gradualmente na cor escura, pingando sangue negro dos mesmos pelo chão cinzento. Os dentes afiados de Raizen surgiram e o sangue parou de vazar em seus lábios. Executava grandes arquejos, bem salientado pelo vai e vem do tórax musculoso. Finalmente, mirou um olhar penetrante para o Mago, completamente imóvel.
- Im... impossível – sibilou o Mago Supremo. Ele não movera um músculo desde que Raizen começara a se erguer do chão. Se antes não acreditava que havia conseguido derrotar o Lorde Maligno, muito menos acreditaria agora que o mesmo ressuscitara quando tivera sua cabeça cortada. Por sinal, a cabeça antiga permanecia sem vida no chão ao lado deles.
   De repente, uma voz ecoou dentro da mente de Zailon. Um recado de alguém que aflorara em sua memória devido à imagem que acabara de presenciar.

“Quando alguém ressuscitar diante de seus olhos, você estará mais próximo de sua morte.”

“Será este o momento?... O agouro que ele previu...” ponderou o Mago, estupefato em seu raciocínio.
   Uma gota de suor escorreu pelo seu rosto gelado de incredulidade. Estava parado diante do inimigo, com a guarda totalmente abaixada. Ainda fitava o Lorde Maligno custando a crer que ele estivesse realmente aprumado à sua frente. Este desenhou um sorriso afetado. Zailon demorou muito para entender o que aquilo significava.
   No segundo seguinte, Raizen já estava com uma de suas espadas em mãos, que pegara ao lado rapidamente no chão, e avançando contra o Mago. Só então a mente de Zailon voltou à realidade e passou a funcionar. Entretanto, tarde demais.
   A Espada de Orion estava a apenas alguns centímetros. Zailon tentou colocar a sua arma da maneira que pôde para impedir que a lâmina escura o atingisse. O Lorde caminhou para frente, e fez resvalar sua espada na do inimigo, como se esta estivesse apenas a arranhando. Num ímpeto de força brusca, Raizen passou ao lado do Mago, este que se virou rapidamente para trás pensando que o inimigo iria atacá-lo pela retaguarda, mas ao invés disso, Raizen apenas manteve uma distância.
   Zailon se recompôs fitando o oponente cautelosamente. Seus olhos perscrutaram um sorriso indistinto recortado na face do Lorde. O sorriso de Raizen parecia ser de desdém mesclado com uma espécie de vitória.
“Por que ele está sorrindo desta...” A resposta veio a Zailon num assombro, ou melhor, em uma dor. Estivera tão absorto na batalha em si que não notara um pequeno formigamento na bochecha esquerda. Com um olhar tenso e receoso, o Mago levantou a mão e a passou no local da dor. Sentiu um líquido molhar os seus dedos confirmando o que mais temia. Um corte pequeno, mas um ferimento causado pela Espada de Orion. Fora feita no momento em que Raizen passara por ele.
   Zailon voltou com seus dedos à frente do rosto para enxergar o líquido carmesim. Esfregou-os sob um olhar de descrença. O ferimento de seu rosto vertia uma pequena quantia de sangue que escorria face abaixo. Ele voltou a visão para Raizen que mantinha o mesmo olhar afetado de antes.
   O Mago sentiu sua visão turvar. A imagem do Lorde estava se tornando borrada e enevoada. Sentia suas pálpebras querendo descer. Tentava impedir-se de fechar os olhos, mas parecia que sua vontade decrescia a cada segundo decorrido. Então, pouco antes da escuridão veludar completamente a realidade, ele ouviu a voz de seu inimigo.
“Hyu ya se gyer moy”
“Você agora será meu.”
   Finalmente a escuridão cobriu os olhos de Zailon. Entretanto, não parou por aí. Esta mesma escuridão parecia estar percorrendo todo o seu corpo, e aos poucos, invadindo sua mente. Na obscuridade, Zailon ouviu um sibilo que se repetia constantemente.
“Kri meri…”
   O Mago tentou discernir a sibilação, mas só após algum tempo ele conseguiu ouvir claramente o que proferia:
 “Kri meri bewest gyer sirawo”
“Este mundo precisa ser destruído”

3 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma vez um dos pontos fortes da tua história é a tensão dos personagens em combate.

É isso aí, prabéns pela concepção dessa narrativa.

Danilo Borges disse...

Eu adorei o Mundo Sombrio, pretendo continuar lendo esta Historia.

Gostaria que vc desse uma olhada no planeta full(meu blog).
gostaria muinto tambem que o planeta full fosse parceiro do ceu blog!

Luiz Fernando Teodosio disse...

@Fernando

Acho que esse é um dos meus pontos fortes. Obrigado pelos comentários em todos os caps de amostra, e fique por aqui, pois daqui a algum tempo tem mais Mundo Sombrio. ^^

@Danilo

Valeu por ser mais um leitor. Sempre que possível comente para saber o que está achando da história. :D
Seu blog já está ali na lista ao lado. Apenas aguardo o link do Mundo Sombrio lá no seu.