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   Ano passado, em uma das minhas viagens pelos variados blogs sobre livros de Fantasia encontrei uma página dedicada ao livro “Aura de Asíris”. Me interessei pela obra, e como já havia alguns capítulos disponibilizados, fiz a leitura de alguns deles. O pouco que li me atraiu, mas o que me chamou a atenção foram as referências citadas pelo autor de que a obra teria um pouco de “Senhor dos Anéis”, “Final Fantasy” e “Dragon Ball Z”. Achei a princípio, uma mistura de ficção um pouco ousada e heterogenia, mas fiquei curioso com o resultado final. Tanto que assim que o livro foi lançado, fui correndo comprá-lo pelo site do autor, que, diga-se de passagem, é bem estiloso.
  Optei por fazer uma resenha dividida em vários segmentos, contendo as opiniões que achei relevante explorar.
  • Sobre as referências


Como já mencionei, Aura de Asíris tem como referência, marcos famosos da ficção como a obra literária “Senhor dos Anéis” de J.R.R.Tolkien; a nobre série de RPG da Square Enix, “Final Fantasy”; e o mangá/anime shõnen “Dragon Ball” de Akira Toriyama.
E realmente ao longo de toda a história, observei que algumas coisas remetem sim tais obras. Talvez eu seja meio ruim de identrificar os fatores de Final Fantasy, já que zerei apenas dois games desta séie, e ainda assim, quando meu inglês não era nem perto do razoável.
Mas devo dizer que tais referências, para quem aclama qualquer uma delas, é uma ótima forma de incitar os leitores para dentro do livro. E não achei exagero alguma o autor apontá-los, visto que a “luz” para a sua criação veio assim que terminou o jogo Final Fantasy VII, na sua adolescência, e foi onde tudo começou a andar – como falou em sua entrevista ao portal Cranik.( clique aqui para ler).
O autor fez nascer “Aura de Asíris” inspirado em ficções de outro meio, fora da literatura, e por conta disso, o livro tomou um aspecto mais singular. E essa particularidade teve seus pontos altos e baixos.
  • O Mundo de Asíris
Sem dúvida, o ponto alto desta obra foi o mundo que Rafael Lima criou. Conheço pouco da imagem tecnofantasy, mas me agradou bastante o que li.
A divisão entre o mundo Furou e o Banshee lembrou Senhor dos Anéis, onde as criaturas malignas se embrenham no local mais inóspito e sombrio da terra. E ainda nesse cenário, que foi explorado pelo autor, o mesmo foi muito bem passado durante o último Arco da história.
As luas de Calisto e Giamate, o Céu de Asíris, a misteriosa Floresta de Noah, o poder da Aura, e o fato dos seres humanos já terem habitado este mundo há muito tempo, se engloba num grande mistério no que realmente é o mundo de Asíris. Tais fatos que foram apenas mencionados neste primeiro volume, deixando os mistérios pairarem.
  • Banshees x Furous
   O ponto central do livro é a guerra entre Banshees e Furous. Enquanto a primeira é a imagem quase idêntica de um humano, porém com propriedades mágicas como a Aura, o segundo é um grupo sádico de monstros que apenas pensa em matança. Todavia, os Furous acabam se tornando mais inteligentes e fortes, que gera um desequilibrio na guerra que se segue a longos anos.
   Não é nenhuma guerra com fatores complexos aplicados, e simplesmente uma raça tentando eliminar a outra por questão de sobrevivência em Asíris. Porém, uma variável muito importante acabou por fazer desta guerra misteriosa e instigante.
  • Narrativa
Rafael precisa tocar um pouco mais fundo nos sentimentos dos personagens. Não que ele não tenha feito, mas achei que em algumas ocasiões ele deixou isso muito sucinto. Porém, em alguns outros ele conseguiu passar muito bem, como por exemplo, no capítulo em que Nina revela seu passado à Sahad, e nos capítulos finais onde fica claro a forte ligação entre Hanai e os outros personagens, principalmente Yin.
Os momentos de guerra poderiam ter sido um pouco melhores também, no que diz respeito ao todo o temor de estar guerreando.
Um grande problema que o Rafael enfrentou no livro foi sua revisão. Infelizmente, acabou-se encontrando alguns erros incomuns para um livro, e isso pode gerar desconforto em quem ler. Todavia, ao longo do livro não se percebe mais esse deslize.
Outro fator que gerou desgosto na minha leitura foi a transição rápida de cenas. Não há separações entre elas, e nem espaçamentos. Tudo é jogado no próximo parágrafo e o leitor é obrigado a conjeturar que ponto da história a narração está se referindo.
No geral, achei razoável. A história é bem passada, mas deixou alguns pontos a desejar.
  • Cenas de Luta
Talvez eu tenha sido o único até agora que tenha achado as cenas de luta demasiadamente longas. Mas não achei.
Aqui, a referência à Dragon Ball Z se fez presente. É impossível não observar algumas lutas, principalmente as primeiras de Yin, e o duelo final com o vilão da história, e não se lembrar daqueles combates avassaladores de grandes poderes fazendo tremer tudo o que estiver perto. As proporções destas lutas foram realmente gigantescas.
Os duelos do General Irwind e do Ex-capitão Hanai também foram muitos bons, embora algumas passagens pudessem ser mais descritas. Houve lutas as quais realmente não me empolguei muito, e em contrapartida, outras que gostei bastante.
Porém, mesmo que os personagens usassem a Aura no duelo, achei um pouco escasso as técnicas, que poderiam ser melhor em quantidade e criatividade. Além disso, a maioria das lutas seguiam o estereótipo de socos e chutes no ar, e poucas foram as que apresentaram algo mais original. As que se diferenciavam disso eram as batalhas contra os furous.
  • Personagens
Algo que esperava um pouco mais nesta história era a questão de seus personagens. A maioria aparece apenas para preencher algumas linhas ou mostrar uma rápida utilidade, ou então para provavelmente serem usados em eventos futuros. Mas não é exatamente essa a falha, e sim o preenchimento dos personagens que achei um pouco vazio.
O único momento em que achei que a ligação entre os personagens soou bem natural e instigante foi durante os últimos capítulos. Aliás, o Hanai, dentro todos, foi o que mais apareceu na trama, deixando até o Yin de lado por muitos momentos.
O Yin, que deveria ser uma peça importante e carismática, foi esquecido durante muitas cenas, deixando a imagem do livro apenas para Hanai e Irwind. Denotar um pouco o que este pequeno personagem de doze anos pensa e faz nos momentos mais dramáticos poderia ser melhor explorado. Além do mais, sua atuação, embora muitas vezes separada de Hanai, poderia ser mais participativa.
Por isso, digo que o Mestre de Yin acabou se tornando o protagonista do livro, até porque, o próprio Irwind parecia recorrer muito a ajuda dele durante os acontecimentos. E sua participação ficou ainda mais relevante quando resolveu guiar uma equipe para as entranhas do Território Furou.
Porém, não é o Hanai que vai o prêmio de melhor personagem desta história, mas sim para a soldada Nina. Assim que ela confessou toda a sua história num capítulo reservado apenas para ela, nós vimos nela um objetivo mais intenso e profundo do que qualquer outro na trama. Isso por que a narração da própria personagem contando sobre seu passado fez o leitor se aproximar mais dela. Só é uma pena, pois achei que na cena dela se recuperando no hospital, o autor deveria ter mostrado a cena dela se encontrando com o soldado de seu passado.
Outra personagem que achei também interessante e pouco se falou sobre a mesma, foi a Sara, única humana no mundo de Asírs. Provavelmente, suas origens deverão ser abortadas no próximo volume.
  • Resolução das situações
Um problema um pouco chato que encontrei em vários momentos do livro foi aquela “escapada” de situações perigosas que se encontram os personagens. A maioria destas soaram forçadas e de difícil de imaginarmos. Algo como, milimétrico e incrivelmente milagroso. Não sei se foram os deuses de Asíris que fizeram o grupo de Hanai saíram da explosão do laboratório com incrível precisão, mas que são milagres constantes complicados de engolir, são.
  • Cenas de Guerra
Como um todo, as cenas de batalha entre Banshess e Furous foram bem legais. Eu gostaria que fossem mais descritas como é meu gosto, mas as cenas conseguiram passar um bom clima de guerra.
Um bom exemplo disso foi para a batalha na Base Aérea de Marahana, ou poderia dizer, parte da batalha de Kayabashi. A luta aérea de aeronaves foi muito boa.
  • O vilão Principal
Misteriosamente os Furous passam a ser mais fortes e inteligentes, e o que engrena a curiosidade de quem lê é que tipo de fator possa estar gerando esse infortúnio. E a pista vem durante a luta do general Irwind com um Maraki, onde temos a imagem de nosso vilão Mornkion.
Quando o mesmo, já na parte clímax do livro, começa a contar sua história, comecei a avaliar o personagem. O fato dele ter sido encontrado por um Furou e treinado pelo mesmo não chamou tanta atenção quanto a real origem do monstro. Afinal, de onde ele saiu? Isso não foi mostrado no livro. E também algo que achei legal foi o fato do monstro distribuir sua Aura com os Furous, tornando-os melhores.
O vilão foi um personagem mais “monstro enigmático”. Portanto, achei ele razoável.
Sara, a humana
O que uma garota fazia congelada numa cápsula num território subterrâneo durante séculos? Essa é a pergunta que gira em torno desta personagem e sobre sua importância na história. Ela pouco foi mencionada durante este livro, deixando toda a tensão para guerra em Kayabashi. Mas achei que não foi muito legal colocar discrições no relacionamento dela com a Família Real. Afinal, como se deu este relacionamento? Não fizeram pergunta sobre a garota e nem nada? Mesmo que não fizesse parte do enredo do primeiro livro poderia ser mais bem explorado. Achei-a um enigma esquecido pelo autor.
  • Desenvolvimento
O prólogo narrado pelo General Irwind foi um perfeito começo para o livro. Me arrisco a dar uma nota 10 para ele, pois deixou o leitor a par de toda a situação no Mundo de Asíris.
A primeira cena relevante após isso foi a invasão de Yin e Lwan no Palácio Real. Algumas de suas ações me lembraram muitas as formas de desenvolvimento dos RPGs:  explorar cenários, usar objetos, perambular por passagens difíceis e etc. E claro, este negócio de não podermos ser vistos me lembra logo “Metal Gear”.
Quanto ao torneio que se seguiu, deu-se pouca importância a ele. Até o momento só havia Inhi como outro personagem mais competidor do torneio e que aparecera constantemente na história. A luta deles foi digamos, muito Dragon Ball. Um torneio que serviu mesmo para esquentar o personagem e começar a mover a trama.
E mais adiante, lá veio mais um “Metal Gear”, desta vez, realmente numa base militar. Foi interessante, mas achei um pouco sucinta a cena em que Lwan e Yin foram separados. Acho que faltou dar mais ênfase ao sentimento de separação.
O próximo trecho, talvez, o mais misterioso do livro: a Floresta de Noah. Ela me pareceu esconder muitos mistérios acerca de Asíris, como a tribo que atacou o grupo e a base bem protegida no subterrâneo, onde Sara estava aprisionada. Embora a história tenha travado um pouco ali, foi uma parte que deverá chamar alguma trama futura nos próximos volumes.
A batalha aérea de Marahana foi um pouco longa, mas não achei tão cansativa. Os momentos foram bem passados desde o início do ataque até a queda da fortaleza voadora. Porém, Yin teve uma participação quase nula. Sei que ele não seria maluco de sair pra lutar numa guerra, mas enquanto ele era deixado de lado nesses eventos, ele simplesmente não tinha nenhuma função na trama. Aliás, durante quase todo o livro ele apenas serviu para salvar as pessoas de seu grupo por conta de sua habilidade de vôo.

O treinamento que Yin recebeu para se tornar mais forte e conseguir sua licença para ir na missão rumo às Montanhas de Tyron foi um pouco decepcionante. Eu esperava alguma coisa mais profunda por mexer com a Aura, e até mais longa, mas passou num piscar de olhos. Os desafios que Yin pudesse encontrar neste treinamento não foi explorado. Foi uma boa parte da história, mas pequena.

A missão para dentro do Território Furou deu início a última parte do livro. O autor soube revelar todas as caracteristicas deste território sombrio, entre as que mais gostei foi o céu de nuvens escuras carregado de almas. Embora cansativa em algumas cenas, pelo fato de pouca coisa andar na história, observou-se que o quesito "aventura" estava falando mais alto. Assim o desenvolvimento seguiu a linha de exploração de tal território e sua sondagem.

A história só ganhou força em seu final com a aparição da misteriosa criatura de pele escaldada que governava os Furous. As cenas de revelações e consequencias foram boas, assim como a luta de Hanai com a criatura. A cena de despedida entre Mestre e discípulo também foi bem passada. E a melhor luta se seguiu, ao melhor estilo Dragon Ball Z: Yin vs Mornkion. Achei fantástica o desenrolar dela, mas achei que o seu desfecho não foi a altura do combate.

Depois disso, foi a vez de Jess salvar Yin, desacordado, e cuidar de Nina também no estado inconsciente. Nesta cena, achei um pouco falha a reação de Jess, que em vez de se preocupar com o estado do garoto, apenas comemorou que o vilão foi destruído.

Após a batalha final, ocorreu a melhor cena do livro. A homenagem à Hanai foi perfeita, e finalmente as palavras souberam tocar fundo. Me senti como se também fizesse parte daquelas pessoas que prestavam respeito ao grande herói de Asíris. E a cena de Yin em frente a estátua de seu mestre foi me morável.
  • O que teremos no próximo volume?
  Os Furous estão sendo eliminados facilmente. Será que eles terão chances de evitar sua aniquilação? Não tenho certeza se tal raça irá despertar no futuro, mas creio que haverá alguma reviravolta envolvendo-os.

Pelas reflexões de Irwind no final do livro, tudo indica que os mistérios de Asíris começaram a entrar em foco, e com certeza é a parte mais interessante da história. Impossível não querer saber o que é realmente esse mundo de Asíris, visto que humanos já habitaram-na. O que houve para que eles sumissem?

E o que ocorre de estranho em Noah para tribos com armas avançadas surgirem assim? O que foi aquela base humana cheia de robôs? E quem é realmente Sara?

Acredito que esta personagem será muito explorada futuramente.

  • Conclusão

Um início de trilogia razoável, mas que deixa um gosto de "quero mais" pelos grandes mistérios apresentados.


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