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Editora: Rocco
Ano: 2010
Páginas: 397
Sinopse: Após o fim da América do Norte, uma nova nação chamada Panem surge. Formada por doze distritos, é comandada com mão de ferro pela Capital. Uma das formas com que demonstram seu poder sobre o resto do carente país é com Jogos Vorazes, uma competição anual transmitida ao vivo pela televisão, em que um garoto e uma garota de doze a dezoito anos de cada distrito são selecionados e obrigados a lutar até a morte! Para evitar que sua irmã seja a mais nova vítima do programa, Katniss se oferece para participar em seu lugar. Vinda do empobrecido distrito 12, ela sabe como sobreviver em um ambiente hostil. Peeta, um garoto que ajudou sua família no passado, também foi selecionado. Caso vença, terá fama e fortuna. Se perder, morre. Mas para ganhar a competição, será preciso muito mais do que habilidade. Até onde Katniss estará disposta a ir para ser vitoriosa nos Jogos Vorazes?

O livro do momento, impulsionado pela recente adaptação cinematográfica, finalmente começa a chamar a atenção, embora já tenha angariado uma considerável quantidade de fãs há muito tempo. As críticas ao livro são unanimemente positivas desde o seu lançamento. Pouco antes da estreia do filme (que já o vi), resolvi conferir as páginas que despertaram boa impressão em milhares de leitores.

A primeira referência proeminente ao se deparar com a sinopse de Jogos Vorazes é a extrema similitude com um romance japonês — que ganhou uma versão cinematográfica, mais conhecida pelos fãs aqui no Brasil, além de uma adaptação para mangá — do cultuado Battle Royale. Eu não irei entrar em detalhes sobre a trama deste último, mas a semelhança entre os dois livros, em termos de enredo, está na existência de um reality show que reúne adolescentes num determinado lugar isolado para que se matem até restar um único sobrevivente. Plágio? Felizmente não. Embora tenha provavelmente bebido na fonte de Battle Royale, a autora conseguiu dar a ideia uma roupagem interessante, de forma que do resultado final saiu algo crível e diferente do romance japonês.

Uma distopia infanto-juvenil, é como considero Jogos Vorazes, temperada com um toque de obras clássicas de FC como “1984” e "Admirável Mundo Novo"; mas tudo isso aos moldes do gênero de entretenimento para se adequar ao público infanto-juvenil. Logo, não se engane, Jogos Vorazes tem seu próprio rosto.

O livro é narrado por Katniss, protagonista do livro, uma personagem com personalidade e forte em suas decisões. Dificilmente o leitor não simpatiza com ela — eu pelo menos, em nenhum momento desgostei da personagem.  Ainda que seja fácil inclinar a narração de uma garota adolescente para algo mais coloquial, de linguagem fácil, a leitura é aprazível e nada enfadonha.

O universo de Jogos Vorazes é curioso e demanda uma boa quantidade de páginas para revelar as informações de contextualização. A autora soube muito bem quando e como encaixar novas informações a respeito da história e seus personagens, tornando a leitura natural e nenhum pouco pesada. É um ponto favorável, tendo em visto que muitas histórias contam coisas desnecessárias sem efetivamente utilizar tais elementos. Mesmo após a leitura do livro, não é difícil rememorar os detalhes da história. Mas espero que as continuações mostrem mais a respeito dos demais distritos.

Cliffhanger, técnica com o objetivo de finalizar um capítulo no momento clímax e impelir o leitor a ler o seguinte imediatamente: artifício bastante utilizado em Jogos Vorazes. Cada capítulo, finalizado num momento crucial para a protagonista, nos obriga a virar a página para saber o que irá acontecer. Somando isso ao fato dos capítulos serem relativamente curtos, é possível ler uma boa quantidade de páginas — ou até mesmo o livro inteiro — sem  nem se dar conta. Só acho que esse “gancho”, tão movimentado nos finais dos capítulos, deveria ter sido usado também para o final do livro, pois ao fim da leitura não senti qualquer impulso ou desespero de ler “Em Chamas”, continuação da série. Todavia, o interesse pelo segundo livro se dá no fato do rumo que a história irá tomar, visto que a edição dos Jogos Vorazes terminou.

Como de praxe, recorrente em livros de entretenimento, notei alguns erros de editoração. Ao que parece, um maior zelo pela edição dos livros vale tanto para as obras nacionais quanto as estrangeiras. Nem sei qual foi o último livro que peguei sem me deparar com um errinho de digitação.

O enredo tem uma estrutura interessante, embora esteja se tornando muito comum no mercado, com a divisão da história em partes, cada uma delas focada num determinado conflito. No caso de Jogos Vorazes, a primeira parte conta a ida de Katniss para a Capital e sua preparação para o início dos Jogos; a segunda foca-se nos primeiros momentos dos Jogos — a melhor em minha opinião; e a terceira é centrada no final dos Jogos com ênfase no romance da personagem. Essa característica adicionada aos “ganchos” nos capítulos torna a estrutura do livro muito interessante. 

A obra é categorizada como infanto-juvenil, assim como Harry Potter, e possui algumas cenas violentas, mas nada tão forte a ponto dele não ser encaixado no gênero. Nos momentos sanguinários, algumas descrições são pesadas, outras sucintas. Muito parecido com Gone — O Mundo Termina Aqui, de Michael Grant.

É um ótimo livro, mas não excelente e maravilhoso como todos dizem por aí. Eu até acabei me decepcionando um pouco porque esperava algo sensacional, estupendo, e descobri que não era tudo isso. Mas como ainda é uma trilogia, quem sabe eu ainda não seja surpreendido pelos Jogos Vorazes. Só digo que vale a pena. 

A próxima postagem será uma resenha do filme, e nela contarei um pouco mais sobre a história. Preferi omitir o enredo aqui para evitar spoilers.

4 comentários:

Anônimo disse...

Leia o resto dos livros. O primeiro é ótimo, mas a história cresce e fica estupenda com a continuação. Há um desenvolvimento e complexificação dos personagens. É arrebatador e doce.

Luiz Fernando Teodosio disse...

Pelo o que mostrou no primeiro volume, a história me cativou. Estou bem curioso sobre o andamento dela. Lerei sim. =)

Renan Barcellos disse...

Realmente vale a pena? Sempre que leio qualquer coisa sobre jogos vorazes logo me vem à cabeça a frase "Battle Royaller for dummies". Mas comentários que um colega fez para mim (dizendo que gostou do filme, por sinal) me fizeram pensar "Battle Royalle for Dummies ruim".

Assim o principal de Battle Royalle não é nem o cenário, mas a forma maravilhosa como os personagens vão sendo construidos e apresentados, bem como o choque de todos estarem em uma situação que não suspeitavam que iriam se ver.

Acho que a melhor parte da ideia de "Jogo de adolescentes em que eles tem que se matar" se perde em Jogos Vorazes quando os personagens sabiam o que iria acontecer, se prepararam para o que iria acontecer e não conheciam ninguém que iriam ter que matar.

Então não da para mostrar a coisa toda "no susto" como ficou muito bom em Battle Royalle, não da para mostrar toda a questão psicologica tão bem, porque muitos dos participantes sabiam que estariam ali. Até queriam estar ali.

É como se todos (menos provavelmente os principais porque eles são principais) fossem o Kazuo Kiriyama.

Mas isso são só pensamentos de quem não leu nem viu o filme.

Mas pergunto de novo, frente a outros livros, é uma obra que vale a pena gastar tempo e dinheiro?

Luiz Fernando Teodosio disse...

Olha, se for ler o livro procurando uma comparação com Battle Royalle você certamente irá se decepcionar, porque embora elas aparentem uma cenário semelhante, os contextos são bem distintos. A ideia para Battle Royalle até concordo que foi melhor desenvolvido do que em jogos Vorazes, cativou mais, isso porque os personagens eram o foco do enredo; mas em Jogos Vorazes, por ser em primeira pessoa, a carga psicológica fica por conta da protagonista e os personagens só podem ser desenvolvidos na ótica. Adianto logo que em relação aos personagens não há nada marcante, tirando a protagonista. Mas o livro tem lá seus pontos altos, mas nada de tão surpreendente. Digamos que seja uma obra infanto-juvenil que não pisou na bola como muitas outras porcarias que passaram a ser lançadas depois de Harry Potter - há exceções que eu não li ainda, claro. Mas veja Jogos Vorazes como uma obra infanto-juvenil aos moldes do padrão ocidental, que chama atenção por não ser de Fantasia, quebrando um pouco do paradigma dos livros lançados, e por apresentar um enredo de FC plausível dentro da proposta do livro. Enfim, não espere muita coisa, mas tb não o despreze, pois é um bom livro juvenil.