Editora: Novo Século
Páginas: 392
Ano: 2009
Ano: 2009
Sinopse: O enredo principal de A Guerra das Sombras III, o
terceiro dos quatro livros da série de Jorge Tavares e, sem dúvida, o
mais sombrio, narra os eventos que se sucederam à guerra civil na Ilha
Zainíquia e à instauração da Quinta Dinastia. Tais fatos são descritos
sob a ótica do neto de Diom Silai, Laios, que planeja sua vingança
contra o assassino de seu avô. Contudo, para derrotar o poderoso Zainog,
precisará aceitar inusitadas alianças, que terão, no devido tempo,
consequências imprevistas. A busca pelo poder e o desejo de vingança
combinam-se de forma poderosa num enredo em que traição e lealdade nem
sempre são coisas opostas. Sem dúvida, o mais sombrio dos quatro livros.
Este é o terceiro volume da série A
guerra das Sombras, uma tetralogia de fantasia em que cada livro é narrado
por um personagem diferente. O Livro de Laios é um dos mais interessantes dos três
primeiros volumes, embora eu ainda mantenha minha preferência pelo Livro de
Dinaer. A passagem do primeiro para o segundo livro foi um pouco complicada de
se entender. Havia muitos eventos enfurnados, não revelados, o que tornava essa
série bastante ininteligível. Felizmente o Livro de Laios conseguiu sanar um
pouco desse problema, pois ele se passa temporalmente desde o início do
primeiro até pouco antes do segundo livro, se não estou enganado. O fato é que
ele conta uma outra parte da história que explica razoavelmente os eventos
ocorridos no Livro de Dinaer.
Uma característica interessante do Livro de Laios é que os personagens
envolvidos na trama são, em sua maioria, Magos — única raça mágica presente na
história, em termos de fantasia medieval. Gostaria de ressaltar a agudeza dos
Magos trabalhados na história, boa parte deles detém um conhecimento ímpar e
são astutos em suas ações. Isso dá ao enredo um teor mais sapiente, próprio de
uma raça ávida por conhecimento, como é o caso dos Magos. Ademais, não apenas
as estratégias, mas também as magias utilizadas apresentam algumas explicações
bem racionais e trabalhadas — a mais proeminente que me recordo é a explicação
de Laios em relação à leitura de mentes. É provável que por causa disso (e por
um outro detalhe que ilustrarei no parágrafo seguinte) a leitura d’A Guerra das
Sombras esteja direcionada para leitores mais atentos e pacientes, ou melhor
dizendo, que gostem de vislumbrar os minuciosos detalhes psicológicos de uma
história. A narração de Laios é rica e detalhista, bem como seus pensamentos
que povoam angustiantes páginas do livro.
Ao término do terceiro livro desta série finalmente consegui visualizar
qual o verdadeiro rosto dela. No primeiro volume, O Livro de Dinaer, o autor
nos apresenta uma história sem muitas complexidades se colocarmos os livros
seguintes em comparação, bem linear e com personagens menos cultos. Há uma
textura de aventura e simplicidade no
primeiro livro que se perdeu nos seguintes, isso porque não havia mais crianças
na história, sendo ela agora palco de personagens mais maduros. Começando pelo
Livro de Ariela e alcançando força ainda maior no Livro de Laios, A Guerra das
Sombras mostra-se uma história intrincada. Se no primeiro livro houve poucos
“momentos políticos”, os dois seguintes livros compensaram. Há muitas
estratégias por parte de grupos, conversas diplomáticas e diálogos de teor
erudito que não figuravam no início da série. Portanto, O Livro de Dinaer me
parece apenas uma preparação para a verdadeira atmosfera da história. O
problema que vejo nisso tudo é a preferência do leitor: se ele gostar de toques
mais aventurosos, simpatizará com O Livro de Dinaer; se ele preferir uma trama
mais amarrada, cheio de planos políticos e diálogos complexos, os seguintes são
indispensáveis. Não estou querendo dizer que seja um erro de desenvolvimento,
muito pelo contrário. O Jorge Tavares, como diplomata, soube utilizar
maravilhosamente tudo o que aprendeu nessa área e transpor tal conhecimento
para o mundo que criou. Eu mesmo que não sou muito chegado a tramas desse tipo,
senti-me instigado, então é provável que o leitor que passou pelo primeiro
livro consiga ver uma boa história nos seguintes.
Esse terceiro volume, talvez por conta da estirpe do personagem, teve uma
linguagem muito mais refinada. Um fato engraçado é que a narração de Dinaer
pareceu-me mais inculta que a do Laios, provavelmente por conta do
amadurecimento da escrita do autor.
Eu considero este volume superior ao segundo, inferior ao primeiro, mas
recheado de revelações que começam a desenhar o último volume para o final
desta ótima série da literatura fantástica brasileira.
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