Estou devendo algumas
resenhas de livros que já li, mas, infelizmente, meu afastamento da rede
atrapalhou um pouco a atualização do blog.
No caso deste livro, não
creio que conseguiria escrever uma resenha sem exprimir algumas passagens de
teor pessoal e empírico. Portanto, acabarei, além da crítica, pincelando alguns
assuntos pertinentes.
Editora: Lexia
Ano: 2010
Páginas: 359
Ano: 2010
Páginas: 359
Sinopse:
O mundo dos homens é protegido do mundo de malignas criaturas por uma
barreira dimensional. Frágil e sob constante ameaça, ela é protegida
por doze guerreiros sob os signos das estrelas: os Guardiões.
A missão desses jovens, que contam com poderes sobre-humanos, é evitar
que catástrofes tomem o mundo, fechando uma fenda na barreira e
impedindo a passagem dos monstros. Porém, por mais que tenham
incríveis poderes, as fraquezas inerentes aos humanos – o amor, o
ódio, a vingança e a hesitação – continuam presentes, tornando a
missão um pouco mais difícil do que parecia ser...
Fic Guardians
O mundo das fanfics é um espaço interessante onde
escritores e leitores desdobram alguma paixão em comum. Um fã de Harry Potter,
por exemplo, pode ler e escrever histórias no mundo criado por J.K.Rowling, e de
maneira alguma isso aflige os direitos autorais da autora, uma vez que a
criatividade do fã que escreveu a fanfic
não está voltada ao ganho financeiro, mas simplesmente ao retorno de leitores.
Embora a maioria das fanfics não
contenha uma escrita apreciável do ponto de vista linguístico ou mesmo de
coerência de enredo ou ainda careça de fidelidade à obra original, é um meio
estimulante à leitura e escrita. Eu próprio já fiz parte desse cenário, escrevendo
fanfics de Naruto e... bom, acho que
foi só de Naruto, rsrs. Eu era um fã na época, “tebayo” (e ainda sou).
Mas no universo das fanfics também há as fics, que diferente daquelas, são histórias
originais não baseadas em qualquer outro universo já criado. Era nessa área que
eu mantinha minha escrita e leitura. Até mesmo o livro que estou escrevendo já
figurou no âmbito das fics. Guardo
lembranças nostálgicas dessa época, e dentre as minhas leituras estava
Guardians, de Luciane Rangel.
Guardians provavelmente
foi uma das primeiras fics que
comecei a ler. Vê-la publicada traz-me um sentimento de admiração. Na ocasião,
fez muito sucesso pelos fóruns e sites de fanfics
por onde passou, angariando um bom número de leitores. Eu era um deles. Porém,
como não gostava (e ainda não gosto) de ficar lendo textos na tela do
computador, acabei deixando a leitura em hiato para retomá-la nalgum momento
futuro. Para quem não sabe, as fics
geralmente são lançadas em intervalos regulares; os autores, antes mesmo de
escreverem toda a história, colocam capítulos à disposição do público leitor: é
como se esperássemos o capítulo de um mangá ou o episódio de uma série a cada
semana(embora o lançamento dos capítulos não cumprisse necessariamente o
intervalo de uma semana — aqui encaixava-se Guardians —, dependia muito do
autor). Por isso, se tem algo que acho que me arrependo foi de não participar
daquele processo de feedback animado de comentar os capítulos após serem
lançados.
Mas como remissão,
tenho em mãos a primeira parte da fic
escrita pela Luciane; então acho que, desta vez, posso compensar um pouco as
impressões que deixei de exprimir.
Os
desenhos
Independentemente da
história, é difícil imaginar Guardians sem os desenhos da Ana Cláudia Coelho, a
desenhista responsável por todas as imagens presentes no livro. Embora seja
muito natural que o leitor esboce ao seu jeito os personagens de um livro,
Guardians oferece uma imagem pronta dos personagens, num estilo que lembra os
traços das animações japonesas. Não é por acaso, visto que tanto a autora como
a desenhista são apaixonadas pela cultura oriental, fato este que é enaltecido
pelo cenário onde a história se desenrola: o Japão.
É uma pena que o livro
não contenha todos os desenhos da Ana e sejam em preto e branco. Quando
Guardians era uma fic, havia mais
figuras e todas coloridas. A opção pelos desenhos ao longo do texto acaba por
transformar o livro numa espécie de light novel (veja aqui a resenha de uma
Light Novel para saber a que me refiro).
As ilustrações de
Guardians não são apenas um adorno para tornar o livro charmoso, mas parte
dele, dando uma cara pitoresca e única à história.
Escrita
Como mencionei acima,
Guardians aproxima-se muito ao estilo de Light Novel, e provavelmente essa
característica deve atrair o interesse dos leitores que curtem mangás e animes.
A linguagem é objetiva e coloquial, contribuindo para o ritmo acelerado da
leitura de quase trezentos e cinquenta páginas em que muitos eventos acontecem.
Para os que gostam desse estilo rápido de escrita, isso é um ponto a favor.
As descrições sucintas,
porém, poderiam ter sido deixadas de lado em alguns momentos que careceram de
maiores detalhes para imprimir melhor o ambiente onde os personagens estavam
inseridos. Algumas peculiaridades de Tóquio ou de outros distritos visitados
pelos personagens ganhariam mais vida na mente do leitor se fossem mais
descritas.
Infelizmente, o livro
não contou com uma revisão apurada capaz de reparar alguns erros de escrita —
um deles achei muito grave para estar num livro publicado. A repetição de
palavras e a descrição similar dos personagens para descrever determinadas
ações também foi um aspecto negativo que pode aborrecer leitores mais exigentes.
Erros do tipo são comuns de se ter numa fic,
pois os leitores (pelo menos aqueles que têm um bom senso crítico) apontam para
o autor um erro aqui e ali a fim de melhorarem o texto. Porém, num livro
publicado não se tem essa chance, é preciso revisar o original o máximo
possível para que ele tenha o mínimo de erros. Se houve alguma revisão de
Guardians na passagem de fic para livro, não foi o suficiente para tapar alguns
buracos.
História
Apesar dos pontos
negativos que acabei de ressaltar, Guardians tem um ás na manga, e foi isso que
o tornou tão bem visto quando era uma fic:
a história. Um grupo de guardiões, regidos pelos signos do zodíaco, que
precisam se unir para lacrar uma fenda na barreira dimensional através da qual
youkais invadem o nosso mundo pode parecer um enredo um tanto clichê e pouco
atraente, mas não significa dizer que é uma história ruim. Nunca é bom julgar
um livro pela sinopse, pois ela apenas sintetiza o pouco do que você vai
encontrar, e não tudo o que você irá encontrar. Algo que sempre gosto de
salientar é que o escritor não precisa de um enredo super inovador para contar
uma boa história. Ele pode partir do básico, da mais simplória ideia, que nem
por isso será necessariamente um história repetitiva e sem graça. O segredo reside
em como você vai contar essa história, como se dará o seu desenvolvimento capaz
de instigar o leitor através de uma temática simples. É aí que entra a
criatividade do escritor. E a autora de Guardians conseguiu demonstrar essa
criatividade.
Apesar da sinopse
apontar para eventos de fantasia, a história foca-se nas relações entre os
personagens, relegando a parte principal da batalha dos guardiões contra os
youkais e polvilhando o enredo com tramas mais realistas. Esse foi um ponto
bastante chamativo em Guardians, pois no meio de uma história de fantasia,
temos, por exemplo, questões de relacionamento homossexual, prostituição de
jovens que são enganadas e levadas a outros países, e outros assuntos bem
interessantes para se ter num gênero fantástico. Aliás, esse fato corrobora a
classificação etária de 16 anos indicada na contra-capa. Mas convenhamos que
num país como o Brasil, onde o entretenimento visual (novelas, filmes) está tão
saturado de assuntos adultos, essa classificação poderia até mesmo decrescer um
pouco.
Não bastasse isso, os
personagens são carismáticos. Compõem o ponto forte do livro, divertindo e
emocionando os leitores. Cada um deles é dotado de personalidade, e a autora
soube como guiá-los muito bem durante a história. É fácil se familiarizar com
eles, e em poucas páginas sentimo-nos com um grande desejo de conhecê-los
melhor. Não sei se consigo apontar um
preferido. Eu gostei muito do jeito certinho do Ryan, mas eu simpatizei mais
com o aspecto mais fechado do Qiang, pois pareceu-me um personagem misterioso
com uma história dramática velada nas suas ações retraídas e vingativas;
personagens assim me instigam.
A única crítica
negativa que faço nesse quesito é sobre o final. Acredito que a autora tenha
simplesmente dividido em três volumes os capítulos originais da fic. Ou seja, quando chegamos no final
do livro, se parece apenas com o término de um capítulo qualquer. A autora
poderia ter feito algumas alterações para fechar parcialmente algumas tramas do
livro e instigar o leitor para o próximo volume.
Guardians
pela internet
Quando eu havia dito no
começo do texto que Guardians foi um fenômeno no universo das fics, eu não estava de brincadeira. Por
ter conquistado o respeito e a admiração de fãs, várias fanfics de Guardians foram escritas desde a sua criação. E isso não
significa pouca coisa, pois é realmente difícil uma história despontar na
internet a ponto de maravilhar os leitores. O fato de ver fanfics de sua própria história deve ser o feedback máximo para um
“ficwriter”(escritor de fanfics e fics).
No site http://livro-guardians.blogspot.com/
você poderá encontrar fanfics, os desenhos originais da história e muito mais.
0 comentários:
Postar um comentário