Embora eu tenha uma boa leva de livros deste tipo aqui em casa para ler,
não sou muito ágil quando se trata de obras que excedem por volta de 600
páginas, ainda mais quando a fonte é tão pequena que se tem a impressão de que
está lendo duas páginas ao invés de uma só. O volume único de As Crônicas de Nárnia é um destes
livros, mas felizmente consegui acabá-lo mais cedo que de costume quando se
trata de “tijolos literários”.
Não farei exatamente uma resenha do livro, pois tenho certeza que um bom
fã de literatura fantástica já deve ter lido ou anseia muito ler pelo menos um
das sete crônicas que compõem a obra, logo irei apenas aventar uma ou outra
questão que me saltou a cabeça durante a leitura. Nem irei discutir as alusões
bíblicas que permeiam a história, mas para aqueles que queiram se aprofundar um
pouco mais no universo de Nárnia, no sentido filosófico, há um livro chamado As Crônicas de Nárnia e a Filosofia, que
parece ser concernente a estes assuntos.
Meu intuito mesmo é destacar a escrita do livro. Para quem conhece estes
dois autores(meio difícil não conhecê-los, rsrs), Tolkien e Lewis pertenciam a
um grupo de escritores que buscavam trocar ideias e aprimorarem a escrita, e há
uma característica em comum nas obras de ambos: descrições que enlevam os
nossos sentidos. Os dois são exímios em descrever os elementos da história de
maneira que utilizemos nossos sentidos para nos aproximar melhor das sensações
dos personagens, embora ache que o Tolkien descreve mais do que devia e o Lewis
adora enfatizar as guloseimas — não recomendo ler Nárnia se estiver com fome.
Aliás, deixando uma dica para aspirantes a escritores, durante a narração,
procurar utilizar os sentidos dos personagens (e isso serve pra mim também,
óbvio, rsrs). É aquela coisa do “contar x mostrar”.
C. S. Lewis possui uma narração tão sedutora que é possível ler vários
capítulos de uma só vez. Dificilmente a leitura torna-se enfadonha. E o mais
incrível de tudo é que ele não precisa usar vocabulários refinados para dizer
que escreve bem, usa, na maioria das vezes, palavras comuns. O texto é
encadeado tão magicamente que não tem como não se admirar.
Por esse motivo, para aqueles que criam mundos fantásticos, Tolkien e
Lewis são referências obrigatórias (mesmo que seja um leitor atrasado que nem eu
e demore anos para pegá-los).
Agora farei um ranking de minhas crônicas favoritas.
1)
A Última Batalha — Essa foi de tirar o fôlego. Nunca
pensei que a história terminaria de tal maneira. A melhor crônica, disparada.
2)
O Leão, A Feiticeira e o Guarda-roupa — Sei que se não
tivesse assistido o filme, essa seria minha segunda história favorita, então
acho justo colocá-la assim mesmo nessa posição. Como já sabia do que ia
acontecer, infelizmente não foi tão divertido.
3)
O Sobrinho do Mago — A gênesis de Nárnia. As aventuras
de Polly e Digory foram bem divertidas.
4)
O Cavalo e seu Menino — Foi interessante ter uma
história nos tempos em que os quatro reis governavam em Cair Paravel. Pela
primeira vez mostrou a Calormânia, onde se passou boa parte da história, e
talvez seja por isso que a achei um diferencial das demais crônicas.
5)
A Cadeira de Prata — Essa foi uma aventura meio sombria
com direito a gigantes e seres que vivem no lugar mais fundo da terra.
6)
A Viagem do Peregrino da Alvorada — A história teve
bons momentos (adorei a parte do Eustáquio e o dragão), mas não me agradou
muito a grande variedade de aventuras que parecia não acabar. Eu prefiro uma
história com fatos mais emendados.
7)
Príncipe Caspian — Apesar de se passar numa época
bastante opressiva em Nárnia, tão crítica quanto o contexto da Última batalha,
não chegou a me cativar tanto.
O final do livro também conta com um texto muito interessante intitulado Três maneiras de escrever para crianças em que Lewis discorre
acerca de questões pertinentes a literatura infantil e ao conto de fadas. Para
ser franco, eu simpatizei muito com as ideias do autor e recomendo que procurem
adquiri-lo.
“O conto de fadas é acusado de dar as crianças uma falsa impressão do mundo em que vivem. Na minha opinião, porém, nenhum outro tipo de literatura que as crianças poderiam ler lhes daria uma impressão tão verdadeira.”
C.S.Lewis
Nesse mesmo texto, Lewis também faz referências a dois ótimos autores que
trataram de explorar o tema dos contos de fadas: Tolkien e Jung. Embora não os
tenha lido, para aqueles que possuem o interesse, sugiro a leitura destes dois
livros.
3 comentários:
Excelente livro, e como disse não pode faltar a estante de nenhum fã do gênero!
Terminei a leitura desse "gigante" em menos tempo do que esperava devido a sua qualidade! Recomendadíssimo.
www.claudineibarbosa.com
Obrigado Luiz pela dica, tenho esse livro para comprar faz séculos, mas tenho uma fila(que levo bem a sério) de livros para ler.
Parabéns pela resenha, ficou ótima *o*
Como o Claudinei disse, é um ótimo livro. Plens, sugiro que o faça furar a fila. rsrsrs
Postar um comentário