Esta história foi feita para participar de um concurso de um fórum de rpg maker(programa para fazer jogos) na categoria "melhor descrição de cenário". O mapa deste conto não foi feito por mim, e sim por RdJpB, um dos jurados do concurso. Com esse mapa os participantes teriam que bolar uma história que envolvesse o cenário contido nele. Como eu fui o vencedor do concurso, postarei esta história aqui.
Mas devo ressaltar que isso já faz mais de um ano. Preferi manter o texto exatamente como é.
Irmão
Duas pessoas caminhavam pela terra arenosa de um deserto. Se não fossem por suas botas bem forradas, eles sentiriam a quente sensação proveniente da areia que sofria sob o sol escaldante. A areia também servia como manto para os animais mortos que foram condenados pelo calor mortal do deserto. Merry, uma sorridente criança de apenas quatro anos, caminhava ao lado de seu irmão mais velho, David, de quinze. Eles chegaram a um lugar com alguns planaltos arenosos sustentados por paredes rochosas de tom amarronzado. Alguns metros à frente, uma árvore estava fixa na borda de uma pequena região de areia movediça, e dentro desta, dois caixotes e um barco de madeira, ainda não afundados completamente.
- É aqui? – perguntou Merry.
- Sim – respondeu seu irmão. – Vamos, entre! Aquele é o seu barco, capitão. - encorajou David.
Merry o obedeceu, e com a ajuda do irmão foi para perto da árvore, de onde poderia entrar no barco mais facilmente. Já dentro dele, o menino se alegrou ainda mais.
- Ei, irmão! Eu estou conduzindo o barco. – disse ele brincando. Em sua mente, visualizava um grande mar azul rompendo toda aquela visão ardente e desértica. Seu irmão apenas lhe observava brincando da margem. De repente, Merry sentiu algo estranho no barco que começou a se mover.
– Está afundando – percebeu ele. – Irmão! – gritou Merry, um pouco preocupado.
- Não se preocupe, Merry. – disse David calmamente. – Eu vou tirar você daí. Lembra de quando brincávamos antes. Depois que o barco afundava, eu pulava no mar para te salvar. Continue aí dentro! – pediu David.
- Tá bom. – assentiu Merry, mas um pouco receoso. Apesar da brincadeira que já fizeram inúmeras vezes no quintal de casa, nesta ocasião ele sentia que algo estava diferente. O tempo foi passando e o barco afundando. Até o ponto em que toda a madeira foi para baixo da terra, e logo em seguida, o menino sentiu suas pernas sendo sugadas. Ele olhou preocupado para aquilo, e voltou o olhar para o irmão, dessa vez mais assustado.
- Irmão! Irmão! Me tira daqui! – gritou ele por socorro. O desespero já aparente em sua voz. David sorriu estranhamente.
- Lembra do que eu lhe ensinei, Merry? – disse David. - "Um bom capitão nunca abandona o seu barco" – terminou com um malicioso sorriso em seus lábios, enquanto seus olhos observavam a expressão assustada do menino.
- Irmão... – murmurou ele, fitando o olhar frio de David. – Irmão... – disse mais uma vez com uma voz melancólica que se refletia pelos seus olhos marejados. A areia já estava em seu peito se movendo para o seu pescoço. – IRMÃÃÃÃO!!! VENHA ME SALVAR!! – proferiu em um grito suas últimas palavras ao mesmo tempo em que suas lágrimas brotaram caindo sobre a areia que o engoliu completamente.
Após ter assistido aquele naufrágio, David olhou para a areia movediça imaginando seu irmão soterrado.
- Não dessa vez. Adeus, Merry. – despediu-se com um olhar frio, mas com um toque melancólico que passou despercebido até por ele mesmo.
A única testemunha daquela atrocidade foi apenas o deserto. E aqueles que por acaso souberam dessa história, ficam se perguntando o motivo para tal ato de crueldade. Com certeza houve um motivo, assim como há muitos outros motivos para outros assassinatos sem lógica aos olhos de quem ouve histórias desse tipo.
3 comentários:
Olá, caro colega!
Não foi à toa que você venceu o concurso. Foi profundo... Parabéns!
Estou seguindo o blog, finalmente!
Isie Fernandes.
Sem dúvida é uma boa intrudução para uma aventura de RPG. Eu mesmo já fiz sagas com muito menos que isso. É um ótimo ponto de partida.
Parabéns cara. Pelo que vejo seu livro promete, pois você escreve muito bem.
Abraços
@ Isie
Obrigado. Nada como uma imagem e uma musica para criar uma história. Foi assim que fiz este conto. Só escolhi uma musica, e as ferramentas de inspiração já estavam dadas, então foi só trabalhar.
@ Willian
Foi um conto bem legal de se escrever, e até tentei continuar elaborando uma história a partir desta cena, mas achei melhor aproveitá-la em uma ocasião mais futura.
Obrigado pelo apoio. Continuarei firme na minha obra.
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