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Desculpem-me pela demora do capítulo. Venho enfrentando problemas para ter acesso a internet no computador. Mas enfim, aqui está ele.



Raizen permanecia insensível sobre a rocha pontiaguda sendo encarado pelo cenho severo do Mago. Zailon perscrutou desde ao sorriso desdenhoso do oponente até as armas que o mesmo empunhava. Pressentia que algum efeito mágico preocupante estava inserido naquelas lâminas. O método mais sensato de lutar seria manter alguma distância do inimigo.
   Por sorte, batalhas de médio alcance era a especialidade dos Magos, pois eram providos de muitas magias úteis a serem lançadas contra os adversários. Não havia motivos para tanta preocupação se mantivesse afastamento em relação às Espadas de Orion. Apenas teria de tomar cautela com a grande velocidade de Raizen.
   Analisando o poder do Lorde da Destruição, ele se assemelhava a um Mago que sempre mantinha sua Aura em estado máximo. Força, velocidade, reflexo, e destreza eram alguns dos atributos físicos que o Inalador Negro, adornado e talhado em seu peito, lhe concebia. Tal relíquia que absorvia Energia Maligna era a fonte do poder de Raizen. É claro, que Zailon já tentara destruí-la, mas provou-se mais difícil do que derrotar o próprio Lorde Maligno.
   Num ímpeto, o Mago Supremo empertigou seu cajado para o céu, e bradou as palavras de seu ataque.
- Voe e avance! Invocação Elemental: Dragão de Raio!
   A ponta da arma deu um momentâneo estalido na hora em que algumas fagulhas azuladas irromperam dela. No instante seguinte, uma silhueta comprida de formato cilíndrico; azulada e chamuscada, esguichou da extremidade do cajado e ascendeu ao céu.
   A primeira parte exibida fora a cabeça do dragão, cujo rosto era disforme e vago. Porém, detinha bigodes finos e compridos, e olhos totalmente amarelados. Seu corpo inteiro era composto por uma energia luzente envolto por centelhas que emanavam seu som, junto ao rugido do dragão. Além da cabeça e da carcaça alongada, apresentava dois miúdos braços que brotavam do ponto médio de seu corpo. Suas asas eram as partes mais fulgentes de sua figura imponente.
   Após todo o comprimento do animal invocado ter saído do cajado, o mesmo apresentou seus grandiosos cinco metros de altura; sua cabeça voltou-se para o chão encarando Raizen, que apenas vislumbrara a criatura Elemental. O Lorde Maligno não apresentava sinais de temor em seu rosto, apenas o habitual cenho desdenhoso.
   Zailon baixou agressivamente seu cajado na direção do oponente. Entendendo o movimento enérgico de seu invocador, o dragão principiou um voo ofensivo em direção à Raizen. Ouvindo o rugido que a criatura de energia emitia, o Lorde Maligno a encarou com um sorriso confiante.
   Quando chegaram a poucos metros de distância um do outro, Raizen deu um salto segurando firme suas duas espadas. O pulo não fora na direção certa do dragão, mas obliquamente. Com uma das espadas, Raizen desferiu um corte superficial no corpo do dragão, enquanto este passava ao lado do alvo, errando-o por pouco. O corte de quase meio metro fez um sangue coruscante de tom azul jorrar do corpo do animal. A criatura fez um som de resmungo e irritação. Em seguida, ergueu um voo para o céu, estacionando numa posição vertical no ar. Seu sangue escorria pela pele de energia.
   Repentinamente, o olhar amedrontador e hostil do dragão deu lugar à amargura. O animal começou a rugir de forma indistinta e a se debater freneticamente. Pode-se perceber, vagamente, uma aflição de dor emanada pelo grito da criatura alada.
- O que está acontecendo? – indagou o Mago, olhando confuso para a cena. Por outro lado, Raizen enalteceu seu sorriso de confiança ao ver o dragão sofrendo.
   Foi então que gradualmente, uma tonalidade alaranjada vinda do ferimento causado por Raizen, se alastrou por todo o corpo do dragão. Aos poucos, ele deixava seu brilho e suas chispas azuladas. Uma coloração alaranjada escura e mórbida o tingia totalmente. Apenas seus olhos mudaram para uma tonalidade violeta.
   O dragão parou de berrar de forma aflitiva, e silenciou.
- O...O que aconteceu? Ele... mudou de cor. – disse o Mago Supremo, incrédulo. Ele viu sua criatura mover vagarosamente sua cabeça na direção dele próprio, soltando uma baforada quente. Então, num instante, Zailon percebeu o que ocorrera. “As cores se inverteram”.
   O olhar do Mago bateu direto nas espadas escuras empunhadas pelo Lorde. Zailon observara com clareza o momento em que uma delas fizera um arranhão em seu dragão. Por sinal, o local do corte fora estranhamente curado. Todavia, o Mago começou a suspeitar dos efeitos daquela arma de Orion. Voltou-se para o dragão e adejou o cajado como se estivesse mandando a criatura voltar para o seu dono. Porém, ela não obedeceu. O dragão permaneceu parado, encarando de maneira hostil aquele que o criara.
“Ele não me obedece.” reparou Zailon, analisando com cautela aquele fato.
- Dragão – murmurou uma voz. Era Raizen. – Ataque-o! – ordenou ferozmente.
   Zailon teve um sobressalto quando viu seu próprio dragão investir contra ele. Um rugido furioso chegou ao Mago, e este se viu na única escolha de enfrentar aquela criatura que já não mais pertencia a ele.
- Está sendo comandado por Raizen. – pensou alto.
   O Mago deu um grande salto para trás e encontrou-se no ar quando a boca do dragão procurou por ele no solo. Mas a criatura foi ágil para inibir seu choque com a terra, e alçou um novo voo na direção do alvo. Zailon estreitou os olhos, e rapidamente pensou em alguma maneira de deter aquela ameaça. No instante seguinte, ele estava sibilando cuidadosamente algumas palavras.
- Encarcere o meu alvo. Chicote de fogo!
   Uma grossa linha flamejante atirou-se da ponta do cajado até o dragão que vinha aguerrido contra o Mago. O chicote alongou-se até passar pela lateral do dragão, e quando chegou às asas, principiou voltas no corpo dele de forma que as asas ficassem presas no final. Não demorou muito e o efeito desejável se concretizou. O animal encontrou-se com suas asas encarceradas enquanto seu voo diminuía gradualmente. 
   Com o dragão laçado e sem ter como voar, Zailon rapidamente segurou firmemente o cajado e começou a girar em torno de si. O peso do dragão não fora um empecilho para a força do Mago que girava a criatura ao redor com cada mais rapidez por meio de seu chicote. Zailon só não caia porque se mantinha planando no ar, fazendo o uso de sua Energia Volaki de Vento.
   O animal alaranjado rodopiava com mais velocidade assim como o corpo de Zailon, rotacionando com mais veemência. Foi então que Zailon desprendeu o cabo flamejante de seu cajado, e decidiu soltar aquela carga; mas não em qualquer lugar, e sim, sobre o Lorde Maligno.
   Raizen viu o dragão ser arremessado contra ele. Cerrou os olhos e largou uma de suas espadas no chão. Com a mão direita produziu uma esfera de energia negra, e quando ela ocupou o volume quase do tamanho de seu punho, lançou-a.
   O dragão caia com seu corpo desengonçado a uma grande velocidade como se fosse um meteoro. Porém, a esfera jorrada por Raizen colidiu brandamente com o dragão, furando seu corpo, e ficando presa em seu interior. No segundo seguinte houve um ribombo ensurdecedor. Uma grande explosão de energia mesclada de preto e laranja sucedeu-se no ar, alumiando a face apreensiva de ambos os combatentes. Zailon colocara a mão sobre a face devido à intensa luz incidente da explosão que logo tratou de se esvaecer. Tornou a olhar para baixo, conseguindo discernir a imagem do Lorde Maligno, muito tranquilo, no chão.
   Zailon deixou seu corpo ser levado suavemente pela gravidade até seus pés pousarem gentilmente no solo. Fitou o olhar do oponente; o mesmo sorriso desdenhoso permanecia.
“Após a inversão das cores, o dragão parou de obedecer aos movimentos do meu cajado.” A expressão reflexiva do Mago fixou-se nas Espadas de Orion. “Aquelas espadas... será que transformam inimigos em aliados? Se o dragão não fosse leal à mim, ele com certeza me atacaria... Uma inversão de significado de existência, talvez. Quer dizer que  se aquela coisa me cortar, eu posso me corromper. De qualquer forma, tenho que evitar...”
   A ponderação do Mago foi bruscamente interrompida pelo avanço repentino de Raizen. Este avançava de maneira voraz brandindo suas duas armas. Zailon não tivera tempo de criar uma evasiva e teve de confrontar frente a frente o inimigo. Meneando suas duas espadas, Raizen tentou atingi-lo. O Mago logo se precaveu pondo seu comprido cajado para interceptar o ataque. Um estridente tilinto metálico ecoou no choque entre as armas; elas foram afastadas pela colisão e voltaram a se incidir.
   Raizen agitava as duas espadas com veemência, tentando atingir qualquer parte do corpo do oponente. Zailon, por sua vez, com os dentes cerrados e o olhar tenso de quem está sendo pressionado, movimentava o cajado como um bastão na direção em que as espadas vinham lhe acometer. Ao som do choque do metal frenético, os dois combatentes permaneciam com aquele duelo de curta distância, sendo que apenas um defendia-se com precisão e o outro assaltava com vigor.
   Almejando sair daquela situação perigosa, visto que qualquer descuido poderia significar um provável fim para a batalha, Zailon pulou para trás deixando as espadas de Raizen cortarem o vazio. Entrementes, no ar, o Mago apontara seu cajado para o oponente e bradou novas palavras.
- Acometa-o rápido e doloroso! Tiro de Vento!
   Uma grande massa de vento forte foi disparada na forma de um cometa pelo cajado. Com uma velocidade tremenda, o ataque colidiu na região do alvo, e uma nuvem de poeira lhe cobriu. Mesmo com a investida bem sucedida, Zailon não parou. Seu corpo viajou pelo ar até seus pés tomarem novo impulso num grande rochedo ereto. O Mago moveu-se para frente num pulo horizontal e encontrou-se acima da nuvem de poeira que ainda não desvanecera.
   Quando pretendia lançar mais um ataque com seu cajado direcionando-o para o negrume, um súbito vulto irrompeu lá de dentro e voou na direção do Mago. Notando tardiamente a silhueta veloz vinda lhe acometer, Zailon teve reflexo apenas para duas linhas escuras que meneavam em sua direção; eram as Espadas de Orion querendo cortá-lo. Felizmente, o Mago conseguiu detê-las novamente com o seu cajado, porém, por estar tão concentrado nas duas armas, não percebeu a tempo um chute que o inimigo desferiu contra ele.
   Um forte impacto acometeu-lhe a região abaixo do tórax. O Mago foi ligeiramente arremessado para trás; seu cajado ainda tentando se manter seguro em suas mãos. Seu corpo caiu inclinado com um baque de arrastamento no chão, criando uma fina nuvem de poeira pelo caminho. Neste ínterim, uma pedra no solo colidira com o braço do Mago, deixando sua mão vacilar e o cajado se desvencilhar.
   Estacionou no chão após alguns instantes. Ignorou a dor momentânea no peito, que era forte. Procurou rapidamente discernir a posição do inimigo quando sentiu um pressentimento de que ainda corria perigo. Ao olhar para frente, observou Raizen correndo até ele, com a mesma vontade maléfica de antes.
   Zailon virou a cabeça para olhar à direita, e por sorte, viu a figura de sua arma não muito longe. Um pingo de alívio refrescou sua esperança, mas durou apenas até o momento em que ele tornou a olhar para o inimigo. Este dera um enorme salto em sua direção. Zailon voltou seus olhos para o cajado, e direcionou a palma da mão para a arma.
- Desapareça e reapareça! – bradou o Mago rapidamente.
   O cajado vibrou por alguns milésimos, e no instante seguinte, sumiu e reapareceu nas mãos de seu dono.
   Raizen ainda via o Mago deitado: um alvo imóvel perfeito. Deixou suas duas espadas com a ponta para baixo como se quisesse cravá-las no inimigo.
   O cajado ficou seguro na mão do Mago, que se voltou rapidamente para Raizen assomando-se até ele. Foi coisa de apenas um segundo. O cajado, milagrosamente, agora detinha a ponta das duas lâminas com muita precisão. Talvez nunca os reflexos de Zailon foram tão aguçados e tão úteis no momento certo. Porém, um único escorregão da lâmina na superfície azul da arma, e o Mago sentiria uma forte dor no peito.
   Querendo se desgarrar daquela situação incômoda e mortal, Zailon usou seu pé direito para aplicar um chute de sola bem sucedido na barriga de Raizen. E fora uma pancada forte, pois o Lorde Maligno teve de recuar alguns metros com um salto. Desta vez, o olhar dele já não era mais de desdenho, mas de quem estava se divertindo com aquela luta.
   Zailon aproveitou o momento para se recompor. Uma expressão tensa estampada em seu rosto.

A mão de Aron agarrou firmemente uma pedra na encosta. Não passara muito tempo desde que começara a escalar aquele penhasco íngreme. Movia seus pés e mãos com muita cautela para não ocasionar o pior. Não se atrevia a olhar para baixo; seus olhos encaravam apenas a parede cinzenta e o cume ainda longe.
   Ele bem que poderia optar por usar sua Energia Volaki de Vento para voar, mesmo que desconcertadamente até o topo, porém, não aprendera a usar a técnica com eficiência, e qualquer erro seria fatal. Além do mais, gastaria um tanto de energia se a usasse, coisa que ele queria preservar o máximo possível. Nunca saberia se encontraria novos inimigos pelo caminho. Não poderia deixar sua força exaurir-se num momento como aquele.
   O jovem Hauker parou ao ouvir um som de explosão proveniente no topo do penhasco. Seu pai e o Lorde da Destruição estavam numa batalha intensa. Aron provavelmente não tinha muito tempo. Aquela luta já se arrastara por tempo demais enquanto ele percorria o caminho até ela. Aos poucos a força de Zailon se esgotaria e o inimigo ganharia uma ampla vantagem.
   Um vento frio e gélido fustigou o corpo do Mago assim que decidira se apressar um pouco mais. Mas não foi apenas uma sensação de frio comum trazida pela brisa. Seu estômago parecia se revirar; um pressentimento muito ruim inundava sua cabeça. Foi quando Aron parou para aguçar os ouvidos que ouviu um leve bater de asas. Seus olhos fixaram-se numa sombra escura projetada na parede da encosta. Quando o Mago resolveu olhar por trás do ombro, estremeceu.
   Novamente, um Wyvern domado por um Grão-Espectro.
   Só que desta vez, a imagem misteriosa do rosto do inimigo sempre parcialmente veludada pelo capuz, agora era visível de maneira bem nítida. Possuía uma tonalidade cinzenta bem escura, mas decaindo levemente para o azulado. A face era marcada por listras irregulares que mais pareciam arranhões auto-infringidos; podia-se ver uma camada de líquido viscoso grudado nelas. Os olhos eram fundos como se tivessem sido apertados para dentro da cabeça, deixando-os quase ocultos. Porém, o pouco que se via neles era uma íris de fenda negra fuzilando aquilo que olhava. Possuía um nariz torto e comprido com narinas bem grandes que lhe ajudavam a inspirar o ar. Seus lábios eram carnudos e escuros.
   Aquela imagem aterrorizante congelou o adolescente. Com a boca entreaberta e os dentes escuros à mostra, o Grão-Espectro sibilou algumas palavras hostis que Aron nem escutara direito de tão paralisado e apavorado. Ele simplesmente não sabia o que fazer. Na verdade, não poderia fazer nada. Todos os seus membros estavam ocupados se apoiando em algum ponto da encosta para não cair.
   Quando o Grão-Espectro, luzindo o brilho pálido de sua armadura, ameaçou investir contra o adolescente, ouviu-se um estampido. No instante seguinte, Aron viu-o vergando para o lado como se tivesse sido acertado por alguma coisa. E provavelmente fora, pois o ser tenebroso não demonstrou sinal de nenhum movimento enquanto seu corpo entorpecia. Aron pôde divisar uma tira de um viscoso líquido negro no ar. Ao que parecia, o Grão-Espectro fora acertado por algo na cabeça.
   O Grão-Espectro caiu do Wyvern, este que voou para longe, abandonando seu domador como se não se importasse com ele. Aron viu o ser tenebroso despencar até colidir num baque surdo no chão bem abaixo. Por alguns segundos não entendeu o que acontecera. Ele estava a salvo. Mas como?

Não muito distante do penhasco que Aron escalava, um fino cano metálico ia morosamente se comprimindo para dentro de uma manga escura. Após guardá-lo nas vestes, tal indivíduo totalmente coberto por uma capa negra e encapuzado, afastou-se do local onde estivera. Sua pequena missão foi completada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Outro bom capítulo. Gosto da descrição das cenas de combate, pois consegue passar a dimensão exata da tensão das personagens.

Luiz Fernando Teodosio disse...

Obrigado por acompanhar. Cenas de combate são um ponto importante nesta história. Estou tentando dexá-las o mais excitante possível.